Sob a
coordenação do subsecretário de Integração Institucional da Secretaria de
Estado de Segurança Pública e Defesa Social (SESP), Guilherme Pacífico, e com a
presença de representantes da Polícia Federal, sociedade civil e diversos
secretários municipais de Segurança Pública, foi realizada, na manhã da
terça-feira (26), na SESP, a segunda reunião do Fórum Capixaba pelo
Desarmamento.
O Fórum definiu as primeiras medidas a serem adotadas para que a Campanha de
Desarmamento do Ministério da Justiça - que será deflagrada nacionalmente no
próximo dia 6 de maio - seja um sucesso no Espírito Santo. O objetivo do Fórum
é alinhar diretrizes com o Ministério da Justiça para recolher o maior número
possível de armas no Estado. Para tanto, a campanha traz novidades em relação
às edições realizadas anteriormente, como a inutilização da arma já no ato da
entrega e a ampliação dos postos de recolhimento, segundo informações divulgadas
oficialmente pelo ministro José Eduardo Cardozo.
De acordo com o representante da Superintendência da Polícia Federal no Estado,
Honazi Farias, "somente com um grande esforço integrado será possível
mobilizar a sociedade para que a campanha nacional pelo desarmamento atinja
seus objetivos". Ele revelou que no ano passado, no Espírito Santo, foram
recadastradas 14.361 armas no Sistema Nacional de Armas (SINARM) da Polícia
Federal. E acrescentou que apenas 20 portes de arma foram concedidos em 2010,
além de 67 pedidos de porte indeferidos: "Em 2011, foram concedidos apenas
quatro pedidos de porte de armas, com 17 indeferimentos", completou Honazi
Farias.
Já Guilherme Pacífico informou que o Centro Integrado de Operações de Defesa
Social (Ciodes) poderá registrar ligações telefônicas de cidadãos interessados
em devolver armas e encaminhá-las aos setores operacionais da campanha pelo
desarmamento para que elas sejam recolhidas em domicílio. Uma nova
reunião do Fórum Capixaba pelo Desarmamento foi marcada para a próxima
quarta-feira (04/05), às 9 horas, no mesmo local, para definir os detalhes da
campanha no Estado, inclusive a data de lançamento nos municípios da Grande
Vitória e interior.
Postos de
recolhimento em todo o país
O
Ministério da Justiça vai credenciar uma rede de postos para o recolhimento de
armas em todo o território nacional. Quem entregar as armas não precisará
fornecer dados pessoais e receberá, na hora, um protocolo para sacar a
indenização em uma agência do Banco do Brasil. Os valores da indenização podem
variar entre R$ 100 e R$ 300, de acordo com o tipo da arma.
Outra novidade é a garantia do anonimato a quem se dispuser a entregar sua arma
de fogo, já que não são exigidos dados pessoais nem para a indenização. Há
casos em que armas deverão ser periciadas antes de sua destruição para
verificar se foram utilizadas para a prática de homicídios. De acordo com o
Ministério, além da indenização rápida, a maioria das armas será inutilizada no
momento da entrega para impedir que voltem a ser utilizadas. Posteriormente,
elas serão encaminhadas à Polícia Federal para o descarte total, que poderá ser
feito por meio da queima em fornos industriais de alta temperatura.
A nova campanha estava prevista para iniciar em junho, pois o estudo do Mapa da
Violência, divulgado no final de fevereiro, e outras pesquisas mostram que a
realização de campanhas anteriores foi decisiva para a redução da violência e
de homicídios no país. Diante da tragédia ocorrida no dia 7 de abril na Escola
Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, onde 12 alunos
foram mortos e 14 ficaram feridos, o Governo Federal decidiu antecipar para 6
de maio o início da nova campanha nacional do desarmamento.
Pagamento
de indenizações
O Ministério
da Justiça investirá R$ 10 milhões em ações para o recolhimento das armas e
pagamento de indenizações. Também será lançada uma campanha nacional de mídia
para sensibilizar a sociedade e informar como entregar as armas de fogo. Nas
duas campanhas anteriores, foram recolhidas cerca de 550 mil armas, número que
o Ministério e as instituições parceiras esperam superar neste ano.
Serão cadastrados como postos de recolhimento de armas as delegacias de Polícia
Civil, os quartéis de Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, organizações não
governamentais (ONGs) e igrejas, além da Polícia Federal, Polícia Rodoviária
Federal e das Forças Armadas. Outras instituições como Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), Assembleia Legislativa, Conselho Estadual de Direitos Humanos,
guardas municipais, ONGs, igrejas e outros locais que funcionarem como postos
de coleta vão ter que seguir algumas regras para dar segurança ao processo. Os
locais cadastrados deverão contar sempre com a presença de um agente público em
seu endereço (policial federal, civil ou militar, por exemplo), condições de
gerar o protocolo de pagamento e local adequado para recolher as armas.
“Menos armas significam menos mortes”, afirma o ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo. Independentemente da campanha, o desarmamento é uma política
constante do Governo Federal e faz parte de um processo que engloba o combate
ao crime organizado e crimes transnacionais. O ministro informou que o Gabinete
de Gestão Integrada (GGI) que articula o trabalho das polícias Federal e
Rodoviária Federal e polícias civil e militar dos estados, a exemplo do que
ocorre no Espírito Santo, será instalado, em breve, também em Foz do Iguaçu, na
fronteira entre o Brasil e o Paraguai, para coibir a entrada ilegal de armas e
de mercadorias no país.
Além do próprio Ministério da Justiça, participam do Conselho da Campanha do
Desarmamento as seguintes instituições: Polícia Federal e Polícia Rodoviária
Federal, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e Ministério
da Defesa, conselhos estaduais de segurança, conselho das guardas municipais,
conselhos municipais dos secretários de segurança, Conselho Nacional de
Segurança Pública, Conselho dos Chefes de Polícia Civil, Conselho Nacional dos
Comandantes de Polícia Militar, Banco do Brasil, Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Conselho Nacional do Ministério
Público, Conselho Nacional da Defensoria Pública, Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB), o Conselho Nacional das Igrejas do Brasil, a
Associação Maçônica do Brasil e a rede Desarma Brasil.
De acordo com levantamento a partir de dados oficiais, 80% dos crimes ocorridos
no Brasil são com armas adquiridas legalmente. A arma de fogo mais utilizada é
o revólver calibre 38. A
realização de campanhas de desarmamento anteriores contribuiu para a redução da
taxa de homicídios no país, segundo o estudo Mapa da Violência, divulgado em
fevereiro deste ano. Na esteira das duas mobilizações anteriores, detectou-se
diminuição de até 50% no índice de mortes em algumas regiões do país.
Data de Publicação: quarta-feira, 27 de abril de 2011